segunda-feira, 16 de abril de 2012

O eterno retorno do nacionalismo


Historicamente o nacionalismo foi, e é, desde o início do século XIX, uma das mais importantes variáveis da política latino-americana. Demonstram-no as "guerras de libertação" das colónias espanholas, os inúmeros conflitos militares entre Estados da América Central e do Sul, as inúmeras guerras civis e episódios revolucionários revolucionários e contra-revolucionários, o profundo sentimento anti-yankee e o contraponto pró-yankee, já para não falar nas políticas económicas fortemente proteccionistas e na retórica poderosíssima que sempre sustentou este nacionalismo.
Na última década, amparado pela recuperação económica continental, o nacionalismo tem recobrado fôlego nos quatro cantos daquele enorme espaço político. Ora nas últimos meses tem sido a Argentina querer tomar a dianteira, independentemente daquela que possa ser a lógica ou a racionalidade a sustentar o discurso e a prática da sua liderança política. Soube-se hoje, aquilo que era há muito esperado. O Governo argentino declarou a expropriação de 51% da Repsol YPF cujo capital está teoricamente sediado numa Espanha economicamente agonizante. Paralelamente, os argentinos reclamam junto de um Reino Unido enfraquecido e de uma comunidade internacional para já quase indiferente a "devolução" das Malvinas.  Independentemente destes factos poderem produzir uma escalada de retaliações económicas e até de decisões militares cujo desfecho é imprevisível, devem ainda aguardar-se outros desenvolvimentos provocados por este nacionalismo que sacia as massas e alimenta lideranças políticas. De menos mau restam somente as profundas rivalidades regionais que, e desde logo, inviabilizam o entendimento entre os dois gigantes sul-americanos (Argentina e Brasil). Quanto ao resto, logo se vê.

Foto: Um grupo de integralistas no Rio Grande do Sul, Brasil. Daqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário