sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um incêndio também se combate com chamas

A venda, por parte do accionista Estado, de pouco mais de 21% das acções da EDP à Three Gorges chinesa é uma decisão que comporta riscos. São variados e não apenas para Portugal (que o digam os países, a começar pelos EUA, onde a EDP tem uma presença importante). O primeiro risco decorre do facto de muitos dos compromissos ou contrapartidas prometidas pelos compradores poderem não ser cumpridas e o Estado português se encontrar perante a circunstância de não ter recursos ou meios para os fazer cumprir e, depois, impor as sanções decorrentes desse eventual incumprimento. Um outro é consequência do facto de Portugal e a economia portuguesa perderem com esta venda mais uma importante fatia da sua segurança e soberania.
No entanto, a decisão tomada tem, entre outras vantagens menores mas não despiciendas, ao menos uma importante, senão mesmo decisiva. Como, neste momento, a Alemanha da sra. Merkel é a principal ameaça à soberania e à segurança de Portugal, a decisão de venda ratificada pelo Governo de Lisboa demonstra, mesmo involuntariamente, que é possível, encontrando parceiros poderosos e com interesses que se cruzam, enfrentar com algum grau de sucesso as ameaças e os perigos que vêm de Berlim (passem ou não aquelas e estes por Bruxelas e/ou Paris).
Finalmente, é bom recordar, friamente e sem sentimentalismos, que qualquer encontro entre Pequim e Lisboa passa sempre por Macau. E não necessariamente por vontade expressa de Portugal e dos portugueses.

1 comentário:

  1. Mesmo que os compromissos e contrapartidas não sejam cumpridos, a venda foi a melhor possível para o Estado português, dado que a quantia oferecida foi a maior de todas. Os compromissos e contrapartidas apenas são bónus.

    ResponderEliminar