domingo, 18 de dezembro de 2011

O liberal tuga.


Alguns "liberais" portugueses são tão engraçados como serventuários do Governo que temos (ou de certo poder político, enfim). Andam para aí a elogiar o facto de Pedro Passos Coelho, em entrevista ao Correio da Manhã, ter defendido que os 15 mil professores portugueses que estão, ou vão ficar, sem emprego devem emigrar para países de expressão portuguesa, nomeadamente o Brasil e Angola. No caso de Angola, Passos Coelho até revelou uma conversa que terá tido com o presidente José Eduardo dos Santos, em termos, aliás, que pareciam ter sido entre "engajadores". Mas o mais curioso, e este é o meu ponto, é ver os "liberais" portugueses defenderem a forma descarada como o chefe do Governo pretende interferir na vida profissional e pessoal de milhares de compatriotas só para ganhar margem de manobra política à custa de uma baixa - ou não subida tão significativa - da taxa de desemprego nos próximos anos.

6 comentários:

  1. PPC não pretende interferir na vida dos professores. Apenas lhes faz uma sugestão, ou um conselho, que eles são livres de seguir ou não seguir. Um conselho não deve ser considerado uma interferência.

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  2. O cidadão Passos Coelho não interfere. Pode ter e dar as opiniões que quiser sobre aquilo que quiser. O primeiro-ministro Passos Coelho interfere porque a sua opinião está ligada intimamente ao cargo político que ocupa.

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  3. Luis, Fernando,

    Precisamente. Se lermos o Insurgente percebemos que no fundo cabe a um Primeiro-ministro anular-se como tal de modo que desta auto-anulação (teórica e ideológica) de um Primeiro-ministro surge o Passos cidadão que, é verdade, enquanto tal, pode dizer o que lhe dá na gana. E como sabem, em geral, não se dá conselhos a não ser a quem os pede, já que o aconselhamento sem requerimento presume de quem aconselha um estuto especial. Ora, se Passos abdica do estatuto de Primeiro-ministro por um de mero cidadão, a questão é de onde retira ele o estatuto que o faça presumir dar conselhos sem que ninguém lhe os peça?
    Como mero cidadão, sem estatuto especial, os conselhos de Passos Coelho são uma bojarda como outra qualquer que eu, vocês ou quem quer que seja resolva atirar. Do que aqui resulta, então, objectivamente, é que temos um Primeiro-ministro atirador de bojardas.

    João.

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  4. "Bojardas", "bacoradas", enfim. É o que temos. Se lhe juntarmos o Tó Zé Seguro, nem sei o que dizer...

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  5. Já agora, para quem diz que só não quer emigrar quem é menino, informo que emigrei para o Brasil já há 9 anos. Ora, primeiro cheguei como turista mas com o meu diploma e tudo o mais relacionado devidamente reconhecido pelo consulado brasileiro em Portugal, no entanto, uma vez no Brasil o nosso diploma tem de ser reconhecido por uma universidade federal. Para isto, no entanto, é preciso um certo tipo de visto, nomeadamente um visto de trabalho ou de residência.

    O de trabalho pressupõe que se regresse a Portugal ou a uma embaixada brasleira qualquer com um contrato de trabalho mediante o qual se possa requerer o visto. A questão é que para se conseguir um contrato de trabalho numa escola nós temos que ter presumido o visto que permite ter reconhecido o diploma mediante o qual uma escola nos pode oferecer um contrato de trabalho. Basicamente, então, temos um impasse, sem contrato nós não conseguimos o visto e sem o visto nós não conseguimos um contrato. Isto resolve-se se houverem escolas que tratem deste impasse, ou seja, que se envolvam directamente com o governo brasileiro para que facilite os devidos reconhecimentos e vistos. Ou que haja uma iniciativa explícita do governo brasileiro para trazer professores portugueses.

    Em princípio será isto que é feito na contratação de mão-de-obra qualificada que dependa de um diploma, ou seja, as empresas brasileiras terão de ter uma espécie de aval do Estado brasileiro para poder contratar estrangeiros. A não ser que contratem mão-de-obra especializada que, no entanto, não faça uso oficial de suas qualificações até que elas, mediante os trâmites normais, sejam reconhecidas.

    Daqui, por exemplo, teríamos engenheiros que começariam a trabalhar numa empresa mas sem poder assinar projectos até que com o tempo consigam reconhecer o seu diploma - um tempo que poderá não demorar muito.

    Mas no caso dos professores não há como eles começarem a exercer sem os devidos reconhecimentos oficiais de modo que sem programas especiais do Estado brasileiro quem quiser leccionar no Brasil deverá ter de começar por emigrar contratado para uma outra qualquer profissão e depois pedir as equivalências e reconhecimentos.

    Isto, é claro, se não quiser permanecer irregularmente no Brasil. No meu caso, foi o que acabei por fazer, permaneci irregular até que houve uma amnistia há dois anos que me permitiu agora ter o visto de residência. Isto quer dizer que agora em princípio poderei submeter o meu diploma para reconhecimento e depois procurar emprego numa escola se assim o quiser - embora com a ressalva que procurar não é o mesmo que encontrar.

    Ou seja, é fácil dizer aos professores que emigrem para o Brasil mas sem um programa do governo brasileiro para contratar professores portugueses, não é nada fácil aos professores portugueses virem leccionar para o Brasil.

    João.

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  6. Caro João. Muito obrigado pelo seu comentário. Porém, e como deve saber, este como o outro querem lá conhecer os pormenores.

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