terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quando o "capital" é obrigado a emigrar.

Naturalmente surda aos inúmeros pedidos de sacrifícios que exige aos portugueses, a começar pelos seus colaboradores da cadeia de supermercados "Pingo Doce" a quem paga salários muito aquém daquilo que poderia e deveria, a "família" Soares dos Santos, dona da maioria do capital da Jerónimo Martins e de tudo o que esta tem dentro, emigrou para a Holanda. Razão? Por lá paga muito menos impostos. As coisas são como são, e é por isso natural que o capital emigre. Diga-se que o trabalho, quando pode, também emigra de livre e espontânea vontade atrás de melhores salários e menos horas de labuta diária. Quantos trabalhadores do "Pingo Doce", se pudessem, não emigrariam para trabalhar em supermercados holandeses?
O problema nisto tudo está assim no moralismo que o senhor Soares dos Santos derramava nas análises que fazia e continuará fazer sobre o estado do País (neste caso Portugal). Sucede, e por mim falo, que tudo aquilo que o cavalheiro dizia tresandava a hipocrisia, e da grossa, excepto para quem tivesse grandes problemas de olfacto. Além de que sei muito bem o que são e o que têm sido as elites empresariais portuguesas.
Por outro lado, nesta história, e como pode haver sempre pelo menos duas opiniões sobre um só facto, há quem garanta que os interesses da "família" Soares dos Santos só emigraram para a Holanda porque a tal foram obrigados por causa das "leis ficais estúpidas" cá do burgo. A princípio não percebi, até porque as "leis fiscais estúpidas" permitiram que os negócios da "família" Soares dos Santos não só crescessem, se consolidassem e se internacionalizassem, como permitiram que se tornasse numa das maiores fortunas do país. Mas tendo meditado um pouco mais no assunto acabei por me sentir tão descansado como desarmado nos meus argumentos. Afinal, o autor desta interpretação luminosa sobre uma questão que já está a baralhar muita gente é um jornalista bem informado, especialista em questões fiscais e que não tem nem nunca teve qualquer laço de dependência da família Soares dos Santos. Nunca deverá, por isso, ser acusado de usar de falta de objectividade e de poder vir a ser considerado uma espécie de voz do dono. Mesmo que o dono não se interesse sobre se a voz se faz ouvir ou está pura e simplesmente muda.

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